quinta-feira, 27 de junho de 2013

Salò

Certame disfarçado de soirée em tom de sarau
Há perdizes herécticas e faginas afogadas
Orgias na marquise de monarquês de sade
Derradeira mise-en-scène

Escatologias Um

Sábio das barbas
Qual pensador grego
Balouças a bom balouçar
Na tua cadeira de balouço
Balouçamos no teu colo
Os dois
No quente colo
Um colo milenar
Um colo de sabedoria
Teu cólon
Olhas-me sorrateiro
Elevas teu monocello
E atrevidote dizes
Já foste à merda hoje?

sábado, 8 de junho de 2013

Breve Histéria de um Bipolar


Dois pólos, opostos claro, não fosse este cavalheiro bipolar. Pois bem, dois pólos, serão abordados em uníssono, mas não adensando muito, sem correr o risco de ficar preso num dos pólos, e lá faz frio, tão frio que queima. Este cavalheiro, físico, comandado ao bel-prazer destes dois subcavalheiros, não físicos, no fundo uma marioneta, certo é que apenas um dos subcavalheiros pode comandar o cavalheiro, pois os cordelinhos da marioneta apenas podem ser manuseados por uma entidade à vez, sendo mais do que uma entidade ao mesmo tempo, resultante numa catástrofe, podendo levar a falecimentos inesperados, e note-se que estes são irreversíveis.
Um dos subcavalheiros apresenta-me um problema, diz que do outro sente desprezo, uma vez que este partilha com ele um fervor por uma jovem, deles conhecida. Vendo-o como um petulante, teme que este vá conspurcar a jovem, levando-a por caminhos pejados de obscenidades, nos meandros do seu ele\eu.
No decorrer da charla, e não sei como sucedeu, os dois assumiram comando do cavalheiro ao mesmo tempo, resultado? Esperava catástrofe, resultou em paranóia.
Ali fiquei, atendo ao “monólogo” entre os dois, e fui-me apercebendo da verdadeira questão que os opunha, o medo, o medo de serem diferentes e querem o mesmo, neste caso a jovem.
Tomando os subcavalheiros como pólos, opostos, sabendo que os opostos se atraem, os dois estavam a cometer o erro de quererem o mesmo, a sua polaridade não lhes permitia tal coisa, daí o mau estar entre os dois, partilhei com eles esta linha de pensamentos, e pouco depois como se emergidos de uma revelação, assumiram que se desejavam, esquecendo a jovem.
Não sabendo lidar com esta sua característica formidável, mal compreendida por muitos e por muitos mais menosprezada, os subcavalheiros deixaram-se tomar pelo medo, no que culminou em paranóia, uma paranóia saudável, de aproximação ao próximo e não semelhante.
Abordado o caso deste cavalheiro e seus subs, penso que não faço ideia de como se tornou meu paciente.

Sou psicólogo, sem diploma, não sou psicólogo, mas tenho experiência, e isso pesa, na hora de mergulhar e transpor certas fronteiras, de terrenos férteis e lamacentos, como o caso ali em cima.