domingo, 10 de junho de 2012

Carências Afectivas

Há dias estava em casa, sentia-me carente de afectos um sentimento que em mim me enfraquece os braços, e me faz tremelicar um pouco, e sinto como que pequenas picadas no coração, a primeira vez que tal senti pensei que fosse algum problema cardíaco, mas felizmente percebi que não, não era a minha saúde física que me falhava, era sim a saúde sentimental, snif... Desde então cada vez que esse sentimento me assola saio á rua, e chamo pai ou mãe a pessoas que me pareçam afectivas e capazes de me dar algum carinho...

Nesse dia estava inclinado a chamar pai, foi na paidaria... desculpem padaria, entrei e todos me olharam (pelos vistos a minha carência sentimental transparecia a esse ponto). Ali, olhei-o durante o tempo que estive na fila, ele olhou-me algumas vezes e semicerrava os olhos, fazendo movimentos com o bigode farfalhudo, polvilhado de farinha, cheguei ao balcão e antes mesmo de ele abrir a boca para expelir alguma sílaba eu gritei, "PAI", abrindo os braços e com uma tímida lágrima a querer abandonar-me pelo canto do olho... levei com uma baguete nas trombas e disse-me para ir chamar pai ao outro. Triste e com o lado esquerdo da cara dorido, sim porque o pão devia ser de há uns dias pois estava bem duro... fui caminhando rua abaixo cabisbaixo, ao fundo nuns andaimes vi uma personagem paternal, comovi-me, aquele rego do cú, era um rego do cú paternal, comovi-me novamente, e já junto ao andaime gritei para o alto e em direcção ao rego, "PAI", fedi-me... era o meu Pai... "Oh Rui! Filho! Com trinta diabos! Tás a fazer na rua de cuecas seu infeliz?!", nesse instante vejo um balde de massa diabolicamente sedutor a fazer-me olhinhos, e digo para meu Pai, "Pai já lhe tinha dito que vou casar?"...