Dois pólos, opostos claro, não fosse este cavalheiro bipolar.
Pois bem, dois pólos, serão abordados em uníssono, mas não adensando muito, sem
correr o risco de ficar preso num dos pólos, e lá faz frio, tão frio que queima.
Este cavalheiro, físico, comandado ao bel-prazer destes dois subcavalheiros,
não físicos, no fundo uma marioneta, certo é que apenas um dos subcavalheiros
pode comandar o cavalheiro, pois os cordelinhos da marioneta apenas podem ser
manuseados por uma entidade à vez, sendo mais do que uma entidade ao mesmo
tempo, resultante numa catástrofe, podendo levar a falecimentos inesperados, e
note-se que estes são irreversíveis.
Um dos subcavalheiros apresenta-me um problema, diz que do
outro sente desprezo, uma vez que este partilha com ele um fervor por uma
jovem, deles conhecida. Vendo-o como um petulante, teme que este vá conspurcar
a jovem, levando-a por caminhos pejados de obscenidades, nos meandros do seu ele\eu.
No decorrer da charla, e não sei como sucedeu, os dois assumiram
comando do cavalheiro ao mesmo tempo, resultado? Esperava catástrofe, resultou
em paranóia.
Ali fiquei, atendo ao “monólogo” entre os dois, e fui-me
apercebendo da verdadeira questão que os opunha, o medo, o medo de serem
diferentes e querem o mesmo, neste caso a jovem.
Tomando os subcavalheiros como pólos, opostos, sabendo que
os opostos se atraem, os dois estavam a cometer o erro de quererem o mesmo, a
sua polaridade não lhes permitia tal coisa, daí o mau estar entre os dois,
partilhei com eles esta linha de pensamentos, e pouco depois como se emergidos
de uma revelação, assumiram que se desejavam, esquecendo a jovem.
Não sabendo lidar com esta sua característica formidável,
mal compreendida por muitos e por muitos mais menosprezada, os subcavalheiros
deixaram-se tomar pelo medo, no que culminou em paranóia, uma paranóia saudável,
de aproximação ao próximo e não semelhante.
Abordado o caso deste cavalheiro e seus subs, penso que não
faço ideia de como se tornou meu paciente.
Sou psicólogo, sem diploma, não sou psicólogo, mas tenho experiência, e isso pesa, na hora de mergulhar e transpor certas fronteiras, de terrenos férteis e lamacentos, como o caso ali em cima.
Sou psicólogo, sem diploma, não sou psicólogo, mas tenho experiência, e isso pesa, na hora de mergulhar e transpor certas fronteiras, de terrenos férteis e lamacentos, como o caso ali em cima.
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